Tudo junto e misturado


terça-feira, 29 de novembro de 2011

sábado, 6 de agosto de 2011

“Colapso do neoliberalismo sob o tacão dos ultra-neoliberais: é a treva!”

Do Site Carta Maior - Por Saul Leblon



As manifestações mórbidas de ortodoxia fiscal nos EUA e, antes, o martírio inútil da Grécia, mas também as rebeliões de indignação que tomam as ruas do mundo, em contraste com o alarme sangrento da intolerância neonazista vindo da Noruega, romperam uma blindagem de opacidade e resignação que revestia a crise mundial.

Depois de anos de abordagem asséptica por parte dos governos, e do tratamento complacente e obsequioso desfrutado na mídia, causas e conseqüências da débâcle mais ruidosa do capitalismo desde 1929 adquirem progressiva transparência.

Arcado sob um vácuo de liderança assustador, os EUA de Obama e do Tea Party, mas também a Europa da rendição socialdemocrata, expõem a dimensão política da crise, que realimenta seu impasse econômico.

Nos confrontos de rua entre uma população desesperada e um poder político de representatividade dissolvente, desnuda-se a brutal incompatibilidade entre os mercados financeiros desregulados e os valores da democracia. Na ascendência do Tea Party, pautando um arrocho ortodoxo que joga o planeta às portas de uma Depressão, desaba a confiabilidade na democracia norte-americana que se transforma em fator de insegurança mundial.

A conversa fiada dos centuriões midiáticos que durante o ciclo neoliberal venderam o peixe podre, segundo o qual, democracia e laissez-faire selvagem são personas indissociáveis do capitalismo desregulado, derreteu. Da poça de desilusão escorre um veio de discernimento que se espalha aos poucos pelas praças do mundo: a crise só será efetivamente superada com uma democracia reinventada pela participação popular.

O movimento não se completa, todavia, apesar da truculência incomum, porque a explosão carece, ainda, daqueles atores dos quais se espera , historicamente, a expressão organizada e programática do conflito social: os partidos políticos, mais especificamente, as legendas alinhadas ao campo da esquerda.

Tal vazio afirma a natureza verdadeiramente sistêmica da atual crise, cujo atributo não se restringe ao colapso do corpo econômico de uma época. A crise paradoxalmente trouxe a política de volta porque nenhuma solução de mercado resolverá os impasses causados por ele e por seus mitos.

Essa singularidade não passa desapercebida pelos que se debruçam, como sempre se debruçaram, na análise das crises e impasses do sistema capitalista em busca de respostas progressistas para o presente e o futuro do desenvolvimento brasileiro. Entre as mais importantes contribuições desse indispensável engajamento intelectual está a voz da professora Maria da Conceição Tavares.

Em março deste ano, quando Obama se preparava para aterrissar no Brasil, em meio a confetes e serpentinas de uma mídia obsequiosa, a narrativa dominante saltitava ao som de um novo samba enredo.

Um esforço coreográfico enorme procurava convencer o distinto público sobre a veracidade de algumas fantasias e adereços. A saber: a viagem era um ponto de ruptura entre a ‘política externa de esquerda’ do Itamaraty – leia-se de Lula , Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães – e o suposto empenho da Presidenta Dilma em uma reaproximação ‘estratégica’ com o aliado do Norte; a visita selaria um a nova agenda, ‘uma reconciliação’ entre Brasília e Washington ancorada em concessões e acordos expressivos; Obama seria o paradigma de uma modernidade a ser seguida por Dilma, distinta do ‘populismo’ político e econômico da ‘escumalha’ latinoamericana –ele usa twitter, é cool, não gosta de Lula, nem de Chávez.

Em entrevista à Carta Maior algumas horas antes daquela prometida apoteose que, como é sabido, redundou em fiasco, a professora Maria da Conceição Tavares aspergiu certeiras bisnagas de realismo sobre o entrudo inebriado. E avisou: “Obama não tem nada a nos oferecer. Quase nada depende da vontade de Obama, ou dito melhor, a vontade de Obama quase não pesa nas questões cruciais. A sociedade norte-americana encontra-se congelada pelo bloco conservador por cima e por baixo. Os republicanos mandam no Congresso; os bancos tem hegemonia econômica; a tecnocracia do Estado está acuada.”E arrematou: “Obama foi anulado pelo conservadorismo de bordel da direita norte-americana”.

Carta Maior voltou a conversar agora com a economista a quem todos ligam quando o mundo despenca e é preciso saber para que lado ir. E é isso que o mundo está fazendo há dias, metafórica e financeiramente: despencando.

A extrema direita republicana pautou Obama, como Conceição havia antevisto; asfixiou a política fiscal da maior economia do planeta. O anúncio de cortes de gastos públicos da ordem de US$ 2,4 trilhões de dólares sobre um metabolismo econômico combalido, equivale a ordenar aos mercados que imitem o Barão de Munchausen e se ergam pelos próprios cabelos. O Barão de Munchausen era um contador de lorotas. Só a convicção colegial desastrosa do Tea Party no laissez-faire - cujo equivalente nativo é a mídia e seus consultores - pode inspirar-se nas metáforas capilares do velho Barão para pautar os destinos da economia e da sociedade.

Os mercados sabem que a coisa não funciona assim. Investidores e especuladores urbi et orbi farejaram o desastre e se anteciparam fugindo em massa de ações e títulos, candidatos a perder o valor de face na recessão em curso.

Antes de atender Carta Maior, a professora Maria da Conceição já havia recebido telefonemas de Brasília, com a mesma inquieatação: ‘E agora?’.
A decana dos economistas brasileiros entende de crise. Ela nasceu em abril de 1930, poucos meses depois da 5º feira negra de outubro de 1929, quando as bolsas reduziram todo um ciclo a riqueza especulativa a pó e pânico. Em questão de horas.

A voz rouca de quem viveu e estudou todas as demais crises do capitalismo no século XXI, vai logo avisando: “Não, não é um quadro com o de 1929. Aquele teve um ápice, com recidivas, mas ensejou um desdobramento político que inauguraria um outro ciclo, com Roosevelt e o New Deal. O que passamos agora é distinto de tudo isso”.

Maria da Conceição faz uma pausa para para advertir em seguida: “Todavia não menos grave e talvez mais angustiante. É um colapso enrustido, arrastado, latejante. Sim, você tem a comprovação empírica do fracasso neoliberal; mas e daí? São eles que estão no comando, ou será o quê esse arrocho fiscal nos EUA enfiado pelo Tea Party na goela do Obama? Vivemos um colapso do neoliberalismo sob o tacão dos ultra-neoliberais: isso é a treva!’ , desabafa a professora que recém passou por uma cirurgia delicada, tenta moderar a voz e a contundência, mas seu nome é Maria da Conceição Tavares. Bem, ela reforça o torque satisfeita com a síntese enunciada e sublinha, inclemente: ‘É a treva!’

A professora de reconhecida bagagem intelectual, respeitada mesmo pelos que divergem de seus pontos de vista, normalmente prefere não avançar na reflexão política e ideológica. Mas neste caso insiste: ‘Não é um fascismo explícito, como se viu na Europa, em 30. Até porque o nazismo, por exemplo - e isso não abona em nada aquela catástrofe genocida, postulava o crescimento com forte indução estatal. O que se tem hoje é o horror de um vazio político de onde emergem as criaturas do Tea Party e coisas assemelhadas na Europa. Não há ruptura na crise, mas sim, permanência e aprofundamento. Será uma crise longa, penosa, desagragdora, mais próxima da Depressão do final do século XIX, do que do crack de 1929”.

A seguir, trechos da conversa de Maria da Conceição Tavares com Carta Maior:

Carta Maior - No caso do Brasil, no que esta crise difere da de 2008 que superamos rapidamente? Dá para usar a mesma receita de então?

Maria da Conceição Tavares— “É muito difícil (suspira). Primeiro, pela natureza arrastada, enrustida desse longo crepúsculo. Você fica a tomar medidas pontuais. Tenta mitigar a questão do câmbio para evitar a concorrência predatória das importações. Mas tem efeito limitado. Voce aperta os controles aqui, mas o dólar está derretendo lá fora. Está derretendo sob o peso da recessão e do imobilismo político de quem deveria tomar as rédeas da situação. O Brasil não tem como impedir que o dólar derreta no sistema financeiro mundial.

CM—Isso foi diferente em 2008...

MCT—Em 2008 nós tivemos um efeito oposto; capitais em fuga migraram de várias partes do mundo, de filiais de bancos e multinacionais, para socorrer a quebra das matrizes na Europa e nos EUA. Então o que houve ali foi uma desvalorização cambial; o Real ficou mais fraco. Isso facilitou as coisas pelo lado das exportações e da contenção de importações, ainda que quase tenha levado à breca aqueles que especulavam contra a moeda brasileira, fazendo hedge fictício para ganhar na desvalorização. Mas do ponto de vista macroeconômico foi um quadro mais favorável. Hoje é o inverso.

CM - As reservas atuais, da ordem de US$ 340 bilhões são um alento?

MCT—Também há diferenças desfavoráveis nas contas externas. As reservas hoje são basicamente formadas pela conta de capitais; não tanto pelo superávit comercial, como era então. Significa que hoje são a contrapartida de algo fluido, capitais que não sabemos exatamente se representam investimento produtivo, de mais longo curso, ou especulação capaz de escapar abruptamente. Sobretudo, tenho receio porque uma parte considerável desse ingresso é dívida privada. Com a anomalia dos juros, os maiores do mundo – a nossa herança maldita - e a oferta barata e abundante de dinheiro lá fora, nossas empresas se endividaram a rodo. Se houver uma reversão do ciclo, se o dólar se valorizar, o descasamento entre um passivo em dólar e receitas em reais, no caso de quem não exporta, ou exporta pouco, será traumático. Essa contabilidade hoje por certo é mais grave do que o passivo em hedge que quase quebrou grandes grupos brasileiros em 2008.

CM - Então a margem de manobra do governo Dilma é menor?

MCT - (suspira) Estávamos melhor antes. E muito do que fizemos então não dá para fazer agora...

CM—Mas o governo pode...

MCT— O governo Dilma poderá agir de forma distinta e contundente se a crise virar o Rubicão; aí tudo é lícito e possível.

CM - Por exemplo?

MCT - Por exemplo centralizar o câmbio; controlar importações, remessas etc.

CM— E enquanto isso não ocorre?

MCT - Mas enquanto se arrasta assim, uma crise enrustida, que vai minando, desagregando, sem ser confrontada, fica difícil. Você toma medidas pontuais que se dissolvem.

CM - Há uma superposição de colapso do neoliberalismo com esfarelamento político que realimenta e reproduz o processo?

MCT - Veja, é um colapso empírico da agenda do neoliberalismo. Avulta que a coisa é um desastre e os meus colegas economistas dessa cepa, espero, devem estar conscientes disso. Mas que poder tem os economistas? Nenhum. O poder que conta está nas em outras mãos, a dos responsáveis pela crise. Vivemos um colapso neoliberal sob o tacão dos ultra-neoliberais. Não estamos falando de gente normal, é preciso entender isso. Não são neoliberais comuns. Meu Deus, o que é isso que estão fazendo nos EUA? É a treva! Vivemos um colapso do neoliberalismo sob o tacão dos ultra-neoliberais: isso é a treva! E ela se espalha desagregando, corroendo.

CM—Devemos nos preparar para uma crise longa?

MCT—Sem dúvida. Por conta dessa dimensão autofágica que não enseja um desdobramento político à altura, que inaugure um novo ciclo, como foi com Roosevelt e o New Deal em 29.

CM—As bases sociais do New Deal não existem mais nos EUA?

MCT - Não existem mais. Obama é o reflexo disso. É uma liderança intrinsecamente frouxa. Não tem a impulsão trabalhista e progressista que sustentou o New Deal. É frouxo. Seu eleitorado é difuso ah, ótimo, ele se comunica com os eleitores pelo twitter, etc. E aí? É uma força difusa, desorganizada, estruturalmente à margem do poder. Está fora do poder efetivo no Congresso que é da direita, dos ricos, dos grandes bancos e grandes corporações, como vimos agora no desenho do pacote fiscal. Está fora da indústria também que foi para a China. Esse limbo estrutural é o Obama. Ele pode até ser reeleito, tomara que seja. A alternativa é amedrontadora. Mas isso não mudará a sua natureza frouxa.

CM— Se não existe o componente político que assemelhe essa crise a de 1929, então o que é isso, essa’ treva’ que estamos vivendo?

MCT— (ri) Uma treva é uma treva... O que passamos agora é distinto de tudo o que se viu em 29...Todavia não menos grave e talvez mais angustiante. É um colapso enrustido, como eu disse. Arrastado, latejante, sob o tacão de forças como essas dos ultra-neoliberais. Tampouco é um fascismo explícito, porém, como se viu na Europa, em 30. Até porque o nazismo, por exemplo, e isso não abona em nada aquela catástrofe genocida, postulava o crescimento com forte indução estatal. O que se tem hoje é o horror; um vazio político de onde emergem essas criaturas dos EUA, e coisas assemelhadas na Europa. Será uma crise longa, penosa, desagragdora, mais próxima da Depressão do final do século XIX...

CM- O declínio de um império, como foi o declínio do poder da Inglaterra no final século XIX?

MCT—Sim, é um quadro mais próximo daquele. O poder inglês foi sendo contrastado por nações com industrialização mais moderna. Um arranjo com estrutura de integração superior entre a indústria e o capital financeiro e que aos poucos ultrapassaria a hegemonia inglesa. Foi uma quebra, uma inflexão entre o capitalismo concorrencial e o capitalismo monopolista. A Inglaterra que havia sido a ‘fábrica do mundo’ perdeu o posto para o agigantamento fabril americano e alemão. Isso se arrastou por décadas. Foi uma Depressão, a primeira Depressão que tivemos no capitalismo (durou de 1873 a 1918). Levou à Primeira Guerra, que resultou na Segunda...

CM—Os EUA são a Inglaterra da nossa longa crise... E o novo hegemon?

MCT - As forças que se articularam na sociedade norte-americana, basicamente forças conservadoras, de um reacionarismo profundo, não em condições de produzir uma nova hegemonia propositiva. Claro, eles tem as armas de guerra. Não é pouco, como temos visto. Vão se impor assim por mais tempo. Mas daí não sai um novo hegemon. Vamos caminhar para um poder multilateral, negociado, sujeito a contrapesos que nos livrarão de coisas desse tipo, como a ascendência do Tea Party nos EUA. Uma minoria que irradia a treva para o mundo.

domingo, 24 de julho de 2011

Pobre Ricardo Teixeira

Se você não torcer ferrenhamente pela seleção vão dizer que você não é patriota. Enquanto isso...

sábado, 23 de julho de 2011

Jovem Pan dá voz a defunto

terça-feira, 19 de julho de 2011

Jogador bate pênalti de calcanhar e faz gol

Levando-se em conta o fato de como tem sido ´difícil fazer um gol de penalti ultimamente, esse rapaz foi bem ousado.

A resposta do MST que o Globo não publicou

Do blog do Nassif

Autor: Gustavo Belic Cherubine
http://www.mst.org.br/Por-que-a-populacao-nao-sai-as-ruas-contra-a-corrupcao-mst-responde-globo-nao-publica

Início Por que a população não sai às ruas contra a corrupção? 19 de julho de 2011

Da Página do MST



O jornal O Globo publicou uma reportagem no domingo para questionar por que os brasileiros não saem às ruas para protestar contra a corrupção.

Para fazer a matéria, os repórteres Jaqueline Falcão e Marcus Vinicius Gomes entrevistaram os organizadores das manifestações de defesa dos direitos dos homossexuais e da legalização da maconha. E a Coordenação Nacional do MST.

A repórter Jaqueline Falcão enviou as perguntas por correio eletrônico, que foram respondidas pela integrante da coordenação do MST, Marina dos Santos, e enviadas na quinta-feira em torno das 18h, dentro do prazo.

A repórter até então interessada não entrou mais em contato. E a reportagem saiu só no domingo. E as respostas não foram aproveitadas.

Por que será? (deixe seu comentário no final)

Abaixo, leia as respostas da integrante da Coordenação Nacional do MST que não saíram em O Globo.

Por que o Brasil não sai às ruas contra a corrupção?

Arrisco uma tentativa de responder essa pergunta ampliando e diversificando o questionamento: por que o Brasil não sai às ruas para as questões políticas que definem os rumos do nosso país? O povo não saiu às ruas para protestar contra as privatizações – privataria – e a corrupção existente no governo FHC. Os casos foram numerosos - tanto é que substituiu-se o Procurador Geral da Republica pela figura do “Engavetador Geral da República”.

Não saiu às ruas quando o governo Lula liberou o plantio de sementes transgênicas, criou facilidades para o comércio de agrotóxicos e deu continuidade a uma política econômica que assegura lucros milionários ao sistema financeiro.

Os que querem que o povo vá as ruas para protestar contra o atual governo federal – ignorando a corrupção que viceja nos ninhos do tucanato - também querem ver o povo nas ruas, praças e campo fazendo política? Estão dispostos a chamar o povo para ir às ruas para exigir Reforma Agrária e Urbana, democratização dos meios de comunicação e a estatização do sistema financeiro?

O povo não é bobo. Não irá às ruas para atender ao chamado de alguns setores das elites porque sabe que a corrupção está entranhada na burguesia brasileira. Basta pedir a apuração e punição dos corruptores do setor privado junto ao estatal para que as vozes que se dizem combater a corrupção diminua, sensivelmente, em quantidade e intensidade.

Por que não vemos indignação contra a corrupção?

Há indignação sim. Mas essa indignação está, praticamente restrita à esfera individual, pessoal, de cada brasileiro. O poderio dos aparatos ideológicos do sistema e as políticas governamentais de cooptação, perseguição e repressão aos movimentos sociais, intensificadas nos governos neoliberais, fragilizaram os setores organizados da sociedade que tinham a capacidade de aglutinar a canalizar para as mobilizações populares as insatisfações que residem na esfera individual.

Esse cenário mudará. E povo voltará a fazer política nas ruas e, inclusive, para combater todas as práticas de corrupção, seja de que governo for. Quando isso ocorrer, alguns que querem ver o povo nas ruas agora assustados usarão seus azedos blogs para exigir que o povo seja tirado das ruas.

As multidões vão às ruas pela marcha da maconha, MST, Parada Gay...e por que não contra a corrupção?

Porque é preciso ter credibilidade junto ao povo para se fazer um chamamento popular. Ter o monopólio da mídia não é suficiente para determinar a vontade e ação do povo. Se fosse assim, os tucanos não perderiam uma eleição, o presidente Hugo Chávez não conseguiria mobilizar a multidão dos pobres em seu país e o governo Lula não terminaria seus dois mandatos com índices superiores a 80% de aprovação popular.

Os conluios de grupos partidários-políticos com a mídia, marcantes na legislação passada de estados importantes - como o de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul - mostraram-se eficazes para sufocar as denúncias de corrupção naqueles governos. Mas foram ineficazes na tentativa de que o povo não tomasse conhecimento da existência da corrupção. Logo, a credibilidade de ambos, mídia e políticos, ficou abalada.

A sensação é de impunidade?

Sim, há uma sensação de impunidade. Alguns bancos já foram condenados devolver milhões de reais porque cobraram ilegalmente taxas dos seus usuários. Isso não é uma espécie de roubo? Além da devolução do dinheiro, os responsáveis não deveriam responder criminalmente? Já pensou se a moda pegar: o assaltante é preso já na saída do banco, e tudo resolve coma devolução do dinheiro roubado...

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em recente entrevista à Revista Piauí, disse abertamente: “em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou.(...) Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.”

Nada sintetiza melhor o sentimento de impunidade que sentem as elites brasileiras. Não temem e sentem um profundo desrespeito pelas instituições públicas. Teme apenas o poder de outro grupo privado com o qual mantêm estreitos vínculos, necessários para manter o controle sobre o futebol brasileiro.

São fatos como estes, dos bancos e do presidente da CBF – por coincidência, um dos bancos condenados a devolver o dinheiro dos usuários também financia a CBF - que acabam naturalizando a impunidade junto a população.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

BNDES sob ataque

Por Miguel do Rosário

E lá vai o BNDES pro pelourinho novamente. Repito: acho ótimo. A última coisa que eu faria é sentir pena de uma instituição que movimenta centenas de bilhões de reais. Que apanhe como gente grande, talvez assim aprenda a se defender. Neste domingo, Globo e Folha publicaram artigos bastante críticos à instituição. Nosso amigo Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada, repercutiu alegremente as duas matérias, o que também considero muito saudável.

Entretanto, não vou partilhar tão facilmente da opinião de um ultra neo-liberal como o Claudio Hadadd, o economista que a Folha entrevistou. E tenho ressalvas importantes à reportagem do Globo. Ambas são positivas por suscitar o debate em torno daquele que, como já disse em outro post, é um dos pilares mais importantes da economia brasileira, com peso relevante em toda América Latina. O BNDES é um dos maiores (talvez até o maior) bancos públicos de investimento do ocidente. A sua própria existência é contrária aos princípios neoliberais, a menos que se restringisse, como sugeriu Haddad, a financiar projetos de infra-estrutura (o que, na verdade, ele já faz, e muito bem).

Ambas as matérias, todavia, pecam pela omissão de dois números fundamentais para contextualizar a participação do BNDES na economia brasileira. O primeiro é o crescimento do número de empresas beneficiadas, sobretudo micro e pequenas, pelos financiamentos do BNDES. Este número trinca o raciocínio segundo o qual ele beneficiaria apenas o andar de cima. Ironia suprema: este aumento se dá sobretudo a partir da gestão de Luciano Coutinho, o mesmo que agora é acusado de privilegiar os tubarões.

Não vou sequer mencionar FHC porque é covardia: naqueles tempos, o pequeno não existia. Nem o Carlos Lessa, hoje verdugo da gestão de Coutinho, se notabilizou neste ponto, tão fundamental. Presidente do banco em 2003 e 2004, Lessa conseguiu elevar o número de pequenos contemplados em 2003 para 27 mil empresas (em 2002, foram 18,9 mil); no ano seguinte, porém, viu esse número cair para 20 mil.

A coisa só começa a mudar mesmo com a entrada de Coutinho, em 2007. A partir daquele ano tem início uma grande transformação, com forte aumento, ano a ano, das concessões de crédito. Em 2010, já eram 417 mil micro e pequenas empresas contempladas.





O segundo número que Globo e Folha omitem é a evolução do lucro do BNDES nos últimos anos. A matéria do Globo, neste sentido, é realmente manipuladora, pois ao invés de trazer dados consolidados, inventa um prejuízo por parte do BNDESPar com base no valor das ações em poder do banco ao final da semana passada. Muito conveniente, porque a desvalorização momentânea das ações da Petrobrás mostraria um resultado negativo. Mas isso pode mudar de um dia para outro. O importante, numa matéria como esta, era informar ao leitor acerca dos valores consolidados. O BNDES vem batendo recordes de lucro, e as operações do BNDESPar tem respondido por cerca de metade desses valores. Ou seja, as ações caem e sobem ao longo do ano, mas o importante é analisar os resultados concretos e não retratos incompletos (possivelmente tendenciosos e equivocados) de momento. Seria honesto, para dizer o mínimo, que o Globo, numa matéria como essa, ao menos informasse seus leitores sobre isso, para que estes não pensassem que a instituição está dando prejuízo ao contribuinte, o que não é verdade.



É bastante irônico que os neoliberais de repente tenham se esquecido do fator "lucro". Está certo que o objetivo central do BNDES não é ter lucro, mas o fato de tê-lo não é ruim, evidentemente. Desde que o banco mostre que tem aumentado os repasses a micro e pequenas empresas e esteja financiando mais projetos de infra-estrutura, então é ótimo que haja lucro, até para que o banco possa se dar ao luxo de financiar projetos de cunho mais social que dão menos lucro. Como o BNDES é público, o lucro vem para o nosso bolso, seja reforçando o caixa do Tesouro, seja financiando projetos de cultura (o que se reflete na educação), o que o banco vem fazendo a uma escala impensável antes da era Coutinho.

Reitero pela enésima vez que é importante que a sociedade fique atenta às ações do BNDES, e mantenha um olhar crítico. Sob Coutinho, o banco tornou-se mais ousado e mais presente na economia nacional. Ganhando mais visibilidade, é natural que seja mais criticado. As ações do BNDESPar refletem, a meu ver, uma política industrial mais intervencionista por parte do governo, e isso necessariamente contraria (e beneficia) muitos interesses poderosos. Por trás da blindagem econômica que protegeu o Brasil da terrível crise financeira que atingiu o mundo em 2008 e 2009, estava o crédito do BNDES, que ajudou empresas nacionais a enfrentarem seus momentos mais difíceis. Não esqueçamos que o BNDES não dá dinheiro de graça para ninguém. Ele empresta a juro mais baixo que a taxa Selic, mas ainda assim com juros, e a empresa tem de pagar em dia. Muitos países não teriam passado pelo que passaram se tivessem um banco como esse. E acho melhor emprestar dinheiro para empresas que geram emprego do que dar trilhões a juro zero para salvar instituições financeiras incompetentes, como fizeram EUA e Europa recentemente, e o governo FHC com seu Proer (que corresponderia hoje, em valores atualizados, e cerca de R$ 50 bilhões).

Naturalmente, se o BNDES dá crédito, tem gente que lucra muito, outros que lucram menos. Consta que as empresas de mídia, que sempre tiveram acesso privilegiado ao caixa da instituição, não tiveram tantas facilidades como gostariam nos últimos anos.

Contemplemos, portanto, o quadro inteiro, levando também em consideração os números que eu lhes trouxe. Quando o BNDES apenas financiava os barões da mídia e demais amigos de Antonio Carlos Magalhães, nunca houve matérias na grande imprensa criticando a atuação do banco. Hoje ele financia 610 mil empresas e pessoas físicas no país e virou um de seus alvos preferidos.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Seleção?



Hoje alguém que nunca lê meu blog me pediu pra que eu falasse sobre a seleção, ok vou falar.
Quero que a seleção do Ricardo Teixeira e da Rede Bobo se foda, vai jogar contra quem mesmo? Sei lá, quero que o não sei quem ganhe.

Dia do Rock

Quando meu ídolos morriam de overdose eu era jovem, agora... é melhor deixar pra lá.
Taí um grande video do inesquecível Dio cantando Rainbow In The Dark, feliz dia do Rock.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Rosalie

Thin Lizzy - Rosalie

domingo, 19 de junho de 2011

Tucano cai do cavalo

Do blog amigos do presidente Lula
O senador Aécio Neves (PSDB) fraturou a clavícula e cinco costelas após sofrer queda de um cavalo nas proximidades da fazenda da família no município de Cláudio, na região centro-oeste de Minas a 139 quilômetros de Belo Horizonte. O acidente ocorreu na tarde de sexta-feira e foi confirmado neste sábado pela assessoria do senador. O cavalo passa bem!


O que o senador estava fazendo em sua fazenda em pleno horário de expediente em Brasília?


Aécio dirigi carro (no meio da madrugada) e é pego pela blitz da lei seca bêbado.


Monta a cavalo (em horário de expediente), toma um tombaço e se quebra inteiro.


E ainda o PSDB quer que ele dirija o país? Se nem carro ou cavalo ele soube controlar direito...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Estranhas conversas telefônicas

Não tenho tido tempo para acompanhar esse caso, mas ao ouvir essa gravação feita pelos promotores públicos com autorização da justiça, me chamou a atenção a limpidez do áudio, nenhum chiado, parecia até que os dois estavam cada qual em um estúdio de gravação. O desenvolver da conversa parecia um teleteatro onde os personagens seguem um script.
E é bastante interessante que em outra ligação do envolvido para, dessa vez sua esposa, o áudio seja o mesmo, límpido e sem chiados ou interferência.
Não quero defender ou justificar nada, até porque como disse desconheço o caso em seus pormenores, apenas me causou espanto, afinal já ouvi tantas escutas telefônicas, mas nunca nada com essa perfeição de áudio e essa forma ensaiada dos interlocutores.
Veja o vídeo, e tire suas próprias conclusões.


domingo, 15 de maio de 2011

Senadora Gleisi Hoffmann explica acordo de compra de energia excedente de Itaipú Binacional

Muito se falou contra o governo reajustar o preço da tarifa de energia que o Brasil compra do Paraguai. Nesse video a senadora Gleisi Hoffmann, que tem sido uma grata surpresa no senado, explica com muita objetividade e clareza o assunto.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

E há quem defenda as privatizações

O reporter fala da ANATEL, de quem era ministro em 2003, só esquece de dizer quem foram as figuras de bicos longos que fizeram essa beleza de privatização, que nos possibilita hoje ter o pior e mais caro serviço de telefonia e transmissão de dados.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Arnaldo Antunes - A casa é sua

Esse cara é fantástico.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ninguém se entende

Tenho andado tão cansado, trabalhado tanto para ganhar o dinheiro que preciso para me manter que pra dizer a verdade sequer tenho conseguido acompanhar o que tem sido pauta na blogosfera. Pra dizer a verdade, o pouco tempo que me sobra tenho ocupado namorando e devo admitir que é muito bom.
Mas não é de minha vida que queria falar, queria falar sobre a discussão que a participação de Dilma no aniversário de 90 anos da folha tem causado. Não li muito a respeito, mas o pouco que pude ver vi pessoas brigando por suas opiniões e entrando em rota de colisão com pessoas que até outro dia dividia a mesma trincheira, é a velha dificuldade humana de lidar com o contraditório. Mas também não quero aqui questionar quem tem opinião assim ou assada, o que eu quero mesmo é dizer o que penso sobre o assunto e pra confessar é tão sucinto e tão pequeno o raciocínio que fiz um pouco de rodeio para que o post não ficasse com menos caracteres que uma “twitada”. Então vamos lá.
Há pessoas que entendem que foi um erro Dilma participar da solenidade de aniversário da Folha, pois eu confesso que gostei, achei magnânimo da parte dela ir até lá prestar homenagem a quem defendeu e apoiou seu algoz, seria muito ruim ela como presidente fazer picuinha e ausentar-se, afinal, queira ou não, a folha é um importante jornal no Brasil e não ficaria bem ela colocar o pessoal acima dos interesses institucionais que representa.
Mas o que mais gostei do episódio, foi ver ela dando um tapa com luvas de pelica quando disse que prefere o barulho da imprensa livre, ao silêncio das ditaduras. O resto é perfumaria.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

E por falar em Líbia...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Diamonds and Rust







José Serra, os porquinhos e a matemática.

Esses videos mostram como se faz necessário a saída do sapo barbudo analfabeto e ignorante, para a entrada de alguém culto e versado em todos os assuntos.

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