Tudo junto e misturado


domingo, 27 de setembro de 2009

Histórica Encruzilhada

Do blog cidadania - Por Eduardo Guimarães

Exulto de muitas formas por estar vivendo em uma época em que a humanidade chegou a uma encruzilhada de caráter histórico que pode mantê-la no atraso em que foi mantida durante o século XX ou impulsioná-la rumo a uma era de paz e prosperidade sem precedentes.

Essa era poderia ter começado no século passado não fosse o mundo pós Revolução Industrial ter se atirado numa competição insana pelo capital e num hedonismo degenerado. Tais escolhas humanas restringiram os benefícios tecnológicos espantosos que o homem pôde extrair do salto único no conhecimento que havia dado até então.

A humanidade produziu conhecimento para acabar com todas as suas misérias. Hoje, há condições tecnológicas e econômicas para acabar com o sofrimento atroz que vitima parcela absurdamente ampla de nossa espécie.

Só não há vontade, pois persiste a crença de que é possível manter a maioria de nós no século XIX enquanto diminutos contingentes sociais e étnicos desfrutam das delícias do mundo moderno.

O capitalismo atingiu seu grau máximo de perversidade e insensibilidade ao produzir o neoliberalismo e seu desprezo definitivo pelo gênero humano, deformidade intelectual e moral que o embasa e fundamenta.

O neoliberalismo de Ronald Reagan e Margareth Tatcher vendeu ao mundo que era preciso que os pobres sofressem para que atingissem o paraíso capitalista. Viveriam mal por conta de efeitos retardados de um socialismo que parcela ínfima da humanidade havia experimentado de forma incompleta e deformada por injunções políticas. A humanidade caiu no conto dos únicos (e poucos) que em alguma medida seriam prejudicados por experiências socialistas.

A ausência de experiência socialista, pois, é o que impede que a humanidade abrace tal experiência, pois os exemplos de que a doutrina socialista pode ser exitosa só serão produzidos se for tão experimentada quanto foi o capitalismo, o que os detentores do capital jamais permitiram.

A crise econômica internacional que se abateu sobre a humanidade – e muito mais justamente sobre aqueles que acreditavam que eram os beneficiários daquele verdadeiro sistema de organização social deformado – estabeleceu uma espécie de interlúdio que essa mesma humanidade poderá destinar à reflexão.

Outras janelas de oportunidades como esta que se apresenta neste momento surgiram não apenas para o Brasil, mas para a humanidade. Esta, porém, não as aproveitou, enganada por aparatos de propaganda dos interesses das aristocracias e por toda força militar e repressiva que o dinheiro podia comprar.

Politicamente, apesar da esmagadora força econômica e do poder avassalador de comunicação das oligarquias raciais, sociais e regionais que dominam o mundo, governos populares espalham-se por seus quatro cantos.

O processo está em curso também na América Latina, região na qual grupos de comunicação das três Américas, controlados pelos mesmos grupos sociais, étnicos e políticos que sempre deram as cartas, declararam guerra àqueles governantes que vêm promovendo distribuição de renda e redução da pobreza como nenhum de seus antecessores. Mas a guerra já não é tão desigual e não está sendo fácil vencê-los.

No passado, quando não havia jeito, os Estados Unidos vinham em socorro das elites regionais organizando e até influindo em golpes de Estado contra governos populares com projetos distributivistas de renda e de oportunidades. O modelo da nova comunidade internacional, porém, já não aceita mais as quebras institucionais em países “rebeldes”.

É disso que se trata, por exemplo, nessa crise em Honduras. As oligarquias às quais me refiro, valendo-se do velho método de seus aparatos de comunicação e de seus brucutus, já começam a falhar. Não que nunca tivessem falhado, mas agora falham em proporções continentais ou ao menos impondo um preço ao golpismo.

O golpe em Honduras está tendo um alto preço para o país, para a economia e, inclusive, para os mais ricos, que, obviamente, estão percebendo que a ralé oprimida agora pode reagir, a despeito de todo o seu aparato militar, devido à não aceitação, pela comunidade internacional, de rupturas institucionais.

É questão de tempo até que o isolamento dos golpistas hondurenhos surta efeito. Se se comportarem e não fizerem nenhuma tolice como invadir a embaixada do Brasil, continuarão sangrando até que o apoio a eles reflua ao nível em que correrão risco de irem parar num cárcere ou mesmo no cemitério.

Tal equação comporta e exige considerarmos a chegada de Barack Obama ao poder e a impotência que foi se apoderando daquela mentalidade degenerada dos poderosos americanos, que numa exibição de irracionalidade ousaram pôr alguém como George Walker Bush no controle do poder entre os poderes durante o acender das luzes do século XXI.

É óbvio que Obama ainda não fez tudo que se gostaria – e, provavelmente, irá demorar muito a fazer, se é que terá poder para fazer algum dia. Afinal, governar um país esmagado pela maior crise econômica em quase um século reduz bastante o poder de um governante. Mas o mundo reage à crise...

Nesse mundo novo que se desenha, uma grande democracia como a brasileira poderá assumir posição de liderança jamais imaginada para um país como o nosso apesar de previsões da segunda metade do século passado de que ainda seriamos o “país do futuro”.

Enfim, esse futuro chegou e o que a humanidade encontra nele é uma encruzilhada. Se a tênue ruptura na hegemonia das comunicações (a internet) for suficiente, é possível que desta vez tomemos o atalho certo.

O homem pode começar a trilhar o caminho para uma era de paz e prosperidade jamais sonhada. É possível. Acredito piamente que é possível porque dar esse passo de gigante só depende de cada um nós simplesmente também acreditar que pode ser dado.

Pinçado de:
http://edu.guim.blog.uol.com.br/

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